Tentando compreender um anacronismo da nossa urbanização.
Casas a
beira d’água...que drama!
Começamos
este país a partir da costa, tudo acontecia através deste fluído. Do acesso
físico à eliminação dos efluentes...
Quando
éramos poucos, a densidade não representava problema. O dano era
diluído...ao
intensificarmos a urbanização o quadro se configurou: insustentável.
Qual o
critério para proibirmos de forma absoluta a atual ocupação?
Preservar a
qualidade da água....este quesito poderia ser atendido com modernos
equipamentos de tratamento dos efluentes, e a determinação de parâmetros de
ocupação... Preservar a
infiltração e evitar erosão e consequente assoreamento dos cursos d’água...com
uma boa técnica de engenharia poderia ser equiparado a condição natural... Preservar a
biodiversidade e a disseminação das espécies, tanto na área em si
quanto ao deslocamento através destes corredores verdes....aí qualquer ocupação
é danosa !
Para
preservarmos a biodiversidade, a mata ciliar deveria ser maior do que hoje
discutimos. Deveríamos estar brigando por grandes áreas de preservação e largos
corredores verdes interligando. Parques nas
cidades, uso de nativas nos paisagismos, retenção da água da chuva
parametrizada....ou seja,
atacar o todo, o macro! Como é mais complexo, ficamos brincando no varejo.
Sou a favor
da urbanização a beira d’água, com toda a técnica necessária, e que se definam
índices que amparem esta ocupação. Que se
cobrem taxas ambientais , que se permita o acesso democrático a estes recursos
naturais através de parques públicos.
Como nas
cidades, há uma ocupação baseada no poder aquisitivo, minimizado por Planos
Diretores e mecanismos tributários que tentam compensar esta desigualdade. Sem
sucesso...E aí, de
forma hipócrita, dizemos que à beira d’água, não!!! Nem pensar.
Tolice....Acaba-se
com o pedágio sem o menor sentido cobrado pela Marinha, bilionário.....
Planeje-se
os espaços a serem preservados e suas interligações e os espaços públicos,
Zoneie-se a
área a ser urbanizada com índices pensados por técnicos e se criem mecanismos
tributários que façam uma transferência de recursos desta urbanização às áreas
públicas.
Se vai
poder andar de iate ou pedalim, é outra questão....
Mas é
conveniente regrar antes....Para evitar a disputa que temos hoje nas vias
urbanas entre o interesse privado e o coletivo. Não
podemos, seja por hipocrisia que nega a desigualdade social abismante, seja
pelo trabalho hercúleo que dará regrar este trem.......nos mentirmos que somos
ecológicos....
Particularmente
prefiro não ver e ouvir motores....mas também preferiria ver bicicletas e
metrôs....parques e corredores com ciclovias...trapiches e crianças
brincando....barcos-a-vela e a remo coalhando rios e lagos. A medida
que nos afastamos da cidade, mata virgem e raras intervenções que permitam o
acesso público.
MUITO
TRABALHO, MAS MUITO TRABALHO PELA FRENTE! A vantagem é que hoje temos uma
consciência dos problemas maior.
Enquanto se
discute, começamos acabando com o dízimo da Marinha, uma piada!
Isto sim,
ANACRONISMO!